Armindo Bellato
Mogliano Veneto é uma comuna italiana da região do Vêneto, província de Treviso, com cerca de 30 mil habitantes. Fica há poucos quilômetros de Veneza, não mais que 20. Precisamente no bairro Marocco, Via Marignana, 45ª propriedade de campo de um barão, onde a família de Ângelo Giuseppe Bellato “lavorava”, nasceu Ermínio. Dia: três de março um frio domingo do ano de 1878, a hora não sabemos. Foi batizado na Igreja da Paróquia de Santa Maria Assunta a principal daquela comuna. Veio juntar-se a Attílio e Pedro seus irmãos para alegria de sua mãe Maria Chinellato Bellato.
Ermínio cresceu em companhia de sua família aprendendo as primeiras letras na escola da propriedade do Barão e ajudando seu pai nos afazeres daquela enorme propriedade.
Aos 13 anos viu seu irmão Attílio partir para a América em busca de melhores dias, apesar da pouca idade, sentiu grande vontade de acompanha-lo, pois há quatro anos havia perdido sua mãe falecida precocemente.
Continuou sua vida até que no final do ano de 1892 seu pai, cansado da vida de dificuldades naquela propriedade resolveu partir para a América, mais precisamente para o Brasil, país tão promissor como distante.
Assim no início de janeiro de 1893 despediu-se de seus parentes e amigos e principalmente de sua irmãzinha Amália que ficou em companhia de sua avó e juntamente com seu pai e os irmãos Pedro, Antônio e Sílvio foi de trem para a estação de Milão e de lá de carroção até a cidade de Genova onde embarcou no vapor Rosário no dia 10 de janeiro de 1893.
Ermínio, nos primeiros dias da viagem, passava mal com o balanço do navio e com a comida de qualidade duvidosa o que obrigou seu pai comprar água mineral para minorar seu sofrimento. Aos poucos foi se acostumando e já estava achando tudo novidade naquela viagem e quando chegou ao porto de Santos, após 30 dias em alto mar até sentiu saudade daquela aventura.
Seguiu para São Paulo onde foi para a Hospedaria do Imigrante local que os imigrantes de vários países ficavam até tomar seu rumo.
Seguiu com seu pai e irmãos para Poços de Caldas onde ficou por alguns meses depois foi para Campestre aonde os Bellatos recém-chegados ao Brasil ficaram por um tempo maior. De Campestre foi para a cidade de Santo Antônio do Machado, local de concentração de grande numero de famílias italianas que vieram trabalhar, principalmente nos cafezais principal riqueza daquela comunidade. Em Machado ficou conhecendo uma italianinha de nome Maria filha de Alfonso Baldim que se tornou amigo de seu pai Ângelo Giuseppe. Depois de algum tempo Alfonso e Ângelo Giuseppe ficaram sabendo da existência de um povoado de nome Ponte Alta que estava em formação e oferecia condições de progresso para eles. Assim em 1896 partiram para aquela pequena comunidade.
Lá Ermínio que já usava o nome abrasileirado de Armindo realizou seu sonho de casar com Maria. Assim no dia 20 de fevereiro de 1897 ajoelharam-se ante o altar de Nossa Senhora da Conceição perante o Padre Paulo Emílio Moinhos de Vilhena para receber a benção matrimonial.
Armindo começou sua vida como pedreiro ajudando seu pai Ângelo Giuseppe, posteriormente tornou-se comerciante abrindo um armazém de “Secos e Molhados” como se dizia naquela época.
“Tinha uma loja bem sortida e vendia tecidos, sapatos finos de pelica, chapéus enfeitados com plumas para mulheres e botas de couro para homens. Camarão seco vinha em barris. Açúcar mascavo do nordeste. O Vinho do Porto vinha em caixas onde se encontravam brindes: livros de romances, imagens de santos, etc. Tudo isso vinha do Rio de Janeiro em tropa trazido pelos viajantes. Anos depois com a Família Matarazzo estabelecendo em São Paulo, Armindo passou a comprar deles.” *Depoimento de Ernestina Bellato.
Da união de Armindo e Maria Antônia nasceram oito filhos: Amábile e José falecidos ainda crianças; Maria Angelina casada com José Laurindo Borges; Afonso casado com Rita Bellato; Ângelo casado com Amanda de Paiva; Amália casada com José Américo Teixeira Junior; Ana casada com Francisco Tolentino de Carvalho Filho; Amélia que faleceu solteira e Ernestina casada com Ernesto Baldim seu primo.
Armindo era uma pessoa muito educada, religioso e vivia para a esposa e para os filhos. Ficou viúvo em 1964.
Terminou seus dias em 1973 com o amparo de seus familiares e amigos e foi sepultado no cemitério de Monsenhor Paulo com grande acompanhamento.
Fontes: D. Ernestina Bellato
Cúria Diocesana de Campanha
Paróquia N. S. Conceição de Monsenhor Paulo
Autor: Francisco de Paula Belato